segunda-feira, 25 de julho de 2011

um poema de Salvatore Quasimodo

OBOÉ SUBMERSO


Avara pena, tarda teu dom
nesta minha hora
de suspirados abandonos.

Um oboé gélido ressilabeia
alegria de folhas perenes,
não minhas, e se desmemoria;

em mim anoitece:
a água transmonta
sobre minhas mãos relvosas.

Asas oscilam em débil céu,
lábeis: o coração transmigra
e eu sou, ermo,

e os dias um escombro.


[de Oboe sumergido (1930-1932). Tradução de Aníbal Beça]

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