OBOÉ SUBMERSO
Avara pena, tarda teu dom
nesta minha hora
de suspirados abandonos.
Um oboé gélido ressilabeia
alegria de folhas perenes,
não minhas, e se desmemoria;
em mim anoitece:
a água transmonta
sobre minhas mãos relvosas.
Asas oscilam em débil céu,
lábeis: o coração transmigra
e eu sou, ermo,
e os dias um escombro.
[de Oboe sumergido (1930-1932). Tradução de Aníbal Beça]
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