domingo, 16 de dezembro de 2012

OMAR KHAYYAM & AUGUSTO DOS ANJOS

OMAR KHAYYAM, Rubaiyat

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Satisfaze-te neste mundo
Com poucos amigos. Não busques
Tornar durável a amizade
Que possas sentir por alguém.

Antes de apertares na tua
A mão que te estendem, pergunta
A ti mesmo se ela algum dia
Não se erguerá para ferir-te.

[KHAYYAM, Omar. Rubaiyat, tradução de Manuel Bandeira. 3.ed, Rio de Janeiro: Ediouro, 2004, p.18]

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AUGUSTO DOS ANJOS, Versos íntimos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

[MORICONI, Ítalo [org.]. Os Cem Melhores Poemas Brasileiros do Século XX. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, p. 61]

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