[Fernando Paixão]
Nas guerras de antigamente
os rios seguiam as batalhas
com o seu bordão triste.
Soldados feridos e curvados
vinham morrer na quietude
das margens acolhedoras.
O correr das águas acompanhava
o derradeiro baque. Havia
o encontro heroico do sangue
com o nascer da lua no horizonte.
Cada guerreiro valia por um mito
sugerido nas linhas do céu.
O embalar do rio lhe servia de manto
(ah, os ossos entregues ao chão)
nas guerras de antigamente.
[in Poeira, Editora 34, 2001]
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