sábado, 14 de julho de 2012

Testamento

[Xie Lingyun]
385-433


Tal Gong Sheng, pouca vida me resta
Como Li Ye, eis-me no fim, encurralado.
Xi, o antigo, foi vítima da justiça,
Também Huo sacrificado foi.
Mete dó, o cipreste que a geada mordeu
Desfeito é o "míscaro" que a borrasca tombou.
Quanto dura afinal a existência?
Não é que me aflija o ela ser breve.
Dói-me somente o meu ideal de gentil-homem
Que não possa ser gravado no sopé da falésia.
Despedir-me da alma sem o instante supremo
Eis o que me é há tanto tempo tormento.
O meu voto ei-lo. Que na vida futura
Amigos e inimigos, tenham um só coração.



[in CARVALHO, Gil de (org & trad). Uma Antologia de Poesia Chinesa. 2.ed. Lisboa, Portugal: Assírio & Alvin, 2010. p.93]

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