[João Cabral
de Melo Neto]
Fazer o que seja é
inútil.
Não fazer nada é
inútil.
Mas entre fazer e não
fazer
mais vale o inútil do
fazer.
Mas não, fazer para
esquecer
que é inútil: nunca o
esquecer.
Mas fazer o inútil
sabendo
que ele é inútil, e
bem sabendo
que é inútil e que
seu sentido
não será sequer
pressentido,
fazer: porque ele é
mais difícil
do que não fazer, e
dificil-
mente se poderá dizer
com mais desdém, ou
então dizer
mais direto ao leitor
Ninguém
que o feito o foi para
ninguém.
MELO
NETO, João Cabral. Museu de tudo, in: A
educação pela pedra e depois.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997, p.58
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997, p.58
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